A decania é a estrutura média conectora e mediadora dentro da nossa Universidade, tendo uma função coordenadora e integradora pela qual devem ser cumpridas as seguintes funções:

1. facilitar a coordenação e integração do ensino, da pesquisa e da extensão, em cada área de conhecimento;

2. articular as unidades e órgãos suplementares com a Estrutura Superior da UFRJ.

Os avanços nas aproximações horizontais e no enfrentamento dos desafios de construção institucional, no desenvolvimento do tripé ensino, pesquisa e extensão e no compromisso com a democratização e o bem estar na cidade e no país podem ser avaliados pelo impacto e reconhecimento das áreas específicas para a formação de quadros e para as transformações necessárias e urgentes.

Mas este papel transformador do ensino público e gratuito de qualidade vem sendo golpeado por velhos obstáculos derivados da herança colonial, escravocrata e racista, da violência institucional e social relacionada ao autoritarismo, ao patriarcalismo e ao quadro estrutural de desigualdades e segregações. A privatização do Estado, a regressão intelectual e moral e o negacionismo têm afetado a estrutura e o funcionamento das IFES. De forma mais grave, atingem este sistema complexo de equipamentos, funções e processos que formam nossa instituição.

Paradoxalmente temos conseguido resistir aos cortes, aos golpes institucionais e aos ataques e perdas, algumas delas irreparáveis, ao longo dos anos, mas de maneira mais decisiva desde 2019. Além dos cortes orçamentários e da destruição de programas e políticas duramente conquistados, foi lançado um ataque e cerco que combina ações de caráter autoritário, perseguições e ameaças que atingem a autonomia universitária e, de forma mais específica, colocam em risco, por vezes, a liberdade de cátedra com graves violações de direitos nos planos pessoal e coletivo.

Por outro lado, existe uma vitória na mobilidade social e na democratização do acesso à universidade com o ingresso de milhares de jovens egressos das classes populares e das populações e grupos atingidos pelas formas de racismo, pobreza e sexismo.

A nova composição social, étnico-racial e de gênero mudou a face da Universidade brasileira e, de maneira mais destacada, da UFRJ. As políticas de incentivo de bolsas, de cotas e de apoio para os discentes acompanharam o fortalecimento das estruturas de participação e controle por parte dos três segmentos do corpo social e funcional da nossa instituição, fazendo valer a sua função educadora e sua integração com o quadro geral de necessidades e desafios para a consciência nacional e as responsabilidades públicas.

As tarefas não se restringem a manter a democracia e transparência da gestão, ou em ampliar a entrada de alunos(as) cotistas, direcionando recursos que tornem a sua permanência possível, mas também em pensar a relevância da área de Ciências Humanas e seu papel crítico, humanizado e problematizador junto aos demais campos de conhecimento, bem como uma produção de saber capaz de incorporar as contradições da realidade do país. Ao mesmo tempo, é necessário contribuir para impulsionar mudanças que permitam à universidade ser uma referência antibarbárie num tempo de aberta regressão social.

Desde o NEPP-DH (Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos) como um experimento institucional vitorioso para fazer avançar as funções de formação e atuação direta em matéria de direitos humanos, em contextos corporificados e desde as subjetividades das vivências humanas diversas, o professor Vantuil Pereira tem sido um dos quadros mais ativos e reconhecidos pela sua ação consistente na construção de uma Universidade que combine as tarefas clássicas com uma profunda transformação em matéria de democratização do acesso. A UFRJ hoje protagoniza um processo de reconhecimento de direitos na proporção necessária dos avanços e tensões da presença de negros, de pessoas LGBTQIA+, no fortalecimento dos direitos das mulheres, das pessoas com deficiência, com efeitos sobre o conjunto dos discentes, servidores e docentes. No entanto, é preciso avançar mais e construir caminhos para uma inclusão mais substantiva dos diversos grupos acima elencados.

A práxis nítida no lidar e mediar os conflitos, no lidar com desafios materiais, intelectuais e morais colocaram Vantuil como um dos quadros que mais tem contribuído para a construção de uma Universidade para o século XXI. Damos as pistas para definir uma construção coletiva de um horizonte de ação, de uma plataforma que embase as ações de caráter programático. Elas devem ser pensadas desde a complexidade do quadro de disputa nacional, reafirmando as exigências unificadoras e os desafios da mudança paradigmática que mantenha a universidade aberta, crítica e qualificada para encarar os desafios do colapso de nossa modernidade.

É imprescindível focar no conhecimento, na solidariedade e na ética da responsabilidade com as suas funções desde o peso específico das unidades articuladas no CFCH. Nosso planejamento e gestão estarão em interação com a superação do quadro necropolítico e a catástrofe que, usando o negacionismo e o medo, colocaram a sociedade brasileira em uma situação de fome e de violações intensificadas.

Por fim, temos por desafio reafirmar nosso compromisso com os direitos humanos, com a educação de qualidade, com as lutas antirracista e antipatriarcal, avançando num ethos pluralista de resgate da noção de emancipação para que a barbárie não prospere.

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